segunda-feira, 29 de julho de 2013

"Cometa do século" pode ser destruído pelo Sol, diz astrônomo
As últimas observações feitas do Ison, chamado de "cometa do século", indicam que ele pode ser uma grande decepção. Análise de Ignacio Ferrin, astrônomo da Universidade de Antióquia (Colômbia), conclui que a pedra de gelo tem um "peculiar comportamento" e pode acabar destruída ao se aproximar do Sol.


Os cometas são compostos basicamente por gelo, além de poeira, formada por pequenos fragmentos rochosos e gases congelados. Foto: NASA & ESA / Divulgação
Descoberto em setembro de 2012 por dois astrônomos russos, o Ison foi chamado de "cometa do século" após algumas previsões que indicavam que ele poderia aparecer tão grande como a Lua Cheia para quem vê da superfície da Terra. Contudo, isso depende de sua passagem pelo Sol.

Ferrin, ao analisar as últimas observações do Ison, descobriu que o brilho do cometa se manteve constante por 132 dias, apesar de ele se aproximar cada vez mais da estrela. Esse dado peculiar pode ser explicado pela falta de água ou se uma superfície de rocha ou outro material esteja impedindo a sublimação da água ou outro volátil para o espaço.

Caso parecido foi o do cometa C/2002 O4 Hönig, que manteve o mesmo brilho durante 52 dias. Após esse período, ele se desintegrou, sem deixar resíduos observáveis.

Os astrônomos não sabem qual é a situação atual do Ison, já que ele está escondido pelo brilho do Sol. Contudo, eles sabem de duas dificuldades que o cometa vai enfrentar. A primeira, a temperatura de 2,7 mil °C ao passar perto da estrela, o suficiente para derreter ferro e chumbo. Além disso, ele entrará no chamado limite de Roche, quando a força gravitacional do Sol poderá partir o núcleo do cometa.

Esses dados indicam que o Ison pode não sobreviver ao encontro. Uma breve janela de observações, entre 7 de outubro e 4 de novembro, pode indicar a situação da pedra de gelo. Contudo, segundo o cientista, as condições de observação serão muito ruins para determinar o destino do cometa. "O futuro do cometa Ison não parece muito brilhante", conclui Ferrin.

Fonte: Astronews
 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Marte sofreu perda precoce da maior parte da atmosfera
Quando era um jovem com menos de 500 milhões de anos, Marte sofreu uma catástrofe que desligou seu campo magnético, deixou-o exposto a fortes ventos solares e o fez perder quase toda a sua atmosfera. Essa é a história mais plausível para a infância do planeta, de acordo com as descobertas mais recentes do jipe-robô Curiosity.

A conclusão está em dois estudos publicados hoje na revista "Science", que revelam com precisão inédita a composição do ar em Marte.

Já se desconfiava que o planeta tinha perdido ar no passado, mas ao analisar detalhes na composição de diferentes gases, cientistas se deram conta de que a erosão atmosférica inicial foi muito mais brusca do que se pensava, e só depois se amainou.

Após nascer com uma atmosfera espessa, com pressão centenas de vezes maior que a da Terra, Marte rapidamente perdeu quase todo seu ar e se tornou, talvez, parecido com nosso planeta. A erosão continuou, porém, e hoje o ar marciano é tão rarefeito que sua pressão é de menos de um centésimo daquela na superfície terrestre.

Os cientistas conseguiram deduzir esse histórico de perda de atmosfera porque os átomos mais leves de um gás se concentram no alto da atmosfera, e o vento solar os empurra para fora do planeta com mais facilidade. A proporção de gás argônio com peso atômico 36 para o argônio com peso atômico 40, por exemplo, era maior antes de a atmosfera sofrer erosão.

Cientistas ainda debatem o que pode ter causado essa perda de atmosfera tão brusca, e isso deve ter a ver com o campo magnético do planeta, que dependia de um fluxo de magma em seu interior. Caso esse magma tenha se solidificado, o magnetismo se esvaiu e deixou o planeta exposto ao vento solar, que era mais forte naquela época. Outra hipótese é a de uma grande colisão ter desestabilizado o fluxo de magma.

Para Paul Mahaffy, líder de um dos estudos, impactos com asteroides e cometas podem ter dado conta de afinar a antiga atmosfera marciana.

A missão do Curiosity é investigar a possibilidade de Marte ter tido condições favoráveis à vida no passado, mas ainda não está claro se a história da perda precoce da atmosfera do planeta é notícia boa ou ruim para isso.

Certamente, não é um impeditivo, pois ao menos durante algum tempo a pressão atmosférica do planeta foi adequada para manter água líquida, cujo fluxo deixou sinais em rochas. "A questão é quanto tempo essa água durou", disse Mahaffy à Folha. "É plausível que ela tenha persistido bastante tempo sob uma atmosfera não tão pesada quanto a inicial."

Chris Webster, líder do outro estudo da Nasa que sai hoje, se diz otimista. Mesmo que a atmosfera de Marte tenha sido reduzida a um décimo do tamanho original logo no início, diz, ela ainda teria um valor razoável, e só ao longo do tempo teria sido encolhida para o valor atual.

"Houve um período em que a atmosfera de Marte era similar à nossa, e havia água líquida", diz. "É preciso levar em conta, claro, que a superfície de Marte é muito cruel, com muita radiação ultravioleta, mas abaixo da superfície há a possibilidade de ter havido um monte de ingredientes necessários à vida."

Essas condições amenas, porém, estariam com os dias contados, pois o fim do campo magnético de Marte o levaria a continuar a perder atmosfera e pressão.

Em novembro, a Nasa enviará a Marte a sonda Maven, que vai investigar a atual taxa de perda atmosférica.

segunda-feira, 15 de julho de 2013


A ÚLTIMA PERGUNTA (1956) (Isaac Asimov)


“A última pergunta” é o conto preferido de Isaac Asimov.
Foi publicado em 1956 e tem como personagem principal um supercomputador chamado Multivac (que aparece em outros contos também), uma máquina que durante milhões de anos responde as grandes perguntas da humanidade.
Invista 10 minutos nesse grande clássico. Vale a pena.

A ÚLTIMA PERGUNTA (1956)
(Isaac Asimov)
A última pergunta foi feita pela primeira vez, meio que de brincadeira, no dia 21 de maio de 2061, quando a humanidade dava seus primeiros passos em direção à luz. A questão nasceu como resultado de uma aposta de cinco dólares movida a álcool, e aconteceu da seguinte forma.
Alexander Adell e Bertram Lupov eram dois dos fiéis assistentes de Multivac. Eles conheciam melhor do que qualquer outro ser humano o que se passava por trás das milhas e milhas da carcaça luminosa, fria e ruidosa daquele gigantesco computador. Ainda assim, os dois homens tinham apenas uma vaga noção do plano geral de circuitos que há muito haviam crescido além do ponto em que um humano solitário poderia sequer tentar entender.
Multivac ajustava-se e corrigia-se sozinho. E assim tinha de ser, pois nenhum ser humano poderia fazê-lo com velocidade suficiente, e tampouco da forma adequada. Deste modo, Adell e Lupov operavam o gigante apenas sutil e superficialmente, mas, ainda assim, tão bem quanto era humanamente possível. Eles o alimentavam com novos dados, ajustavam as perguntas de acordo com as necessidades do sistema e traduziam as respostas que lhes eram fornecidas. Os dois, assim como seus colegas, certamente tinham todo o direito de compartilhar da glória que era Multivac.
Por décadas, Multivac ajudou a projetar as naves e enredar as trajetórias que permitiram ao homem chegar à Lua, Marte e Vênus, mas para além destes planetas, os parcos recursos da Terra não foram capazes de sustentar a exploração. Fazia-se necessária uma quantidade de energia grande demais para as longas viagens. A Terra explorava suas reservas de carvão e urânio com eficiência crescente, mas havia um limite para a quantidade de ambos.
No entanto, lentamente Multivac acumulou conhecimento suficiente para responder questões mais profundas com maior fundamentação, e em 14 de maio de 2061, o que não passava de teoria tornou-se real.
A energia do sol foi capturada, convertida e utilizada diretamente em escala planetária. Toda a Terra paralisou suas usinas de carvão e fissões de urânio, girando a alavanca que conectou o planeta inteiro a uma pequena estação, de uma milha de diâmetro, orbitando a Terra à metade da distância da Lua. O mundo passou a correr através de feixes invisíveis de energia solar.
Sete dias não foram o suficiente para diminuir a glória do feito e Adell e Lupov finalmente conseguiram escapar das funções públicas e encontrar-se em segredo onde ninguém pensaria em procurá-los, nas câmaras desertas subterrâneas onde se encontravam as porções do esplendoroso corpo enterrado de Multivac. Subutilizado, descansando e processando informações com estalos preguiçosos, Multivac também havia recebido férias, e os dois apreciavam isso. A princípio, eles não tinham a intenção de incomodá-lo.
Haviam trazido uma garrafa consigo e a única preocupação de ambos era relaxar na companhia do outro e da bebida.
“É incrível quando você pára pra pensar…,” disse Adell. Seu rosto largo guardava as linhas da idade e ele agitava o seu drink vagarosamente, enquanto observava os cubos de gelo nadando desengonçados. “Toda a energia que for necessária, de graça, completamente de graça! Energia suficiente, se nós quiséssemos, para derreter toda a Terra em uma grande gota de ferro líquido, e ainda assim não sentiríamos falta da energia utilizada no processo. Toda a energia que nós poderíamos um dia precisar, para sempre e eternamente.”
Lupov movimentou a cabeça para os lados. Ele costumava fazer isso quando queria contrariar, e agora ele queria, em parte porque havia tido de carregar o gelo e os utensílios. “Eternamente não,” ele disse.
“Ah, diabos, quase eternamente. Até o sol se apagar, Bert.”
“Isso não é eternamente.”
“Está bem. Bilhões e bilhões de anos. Dez bilhões, talvez. Está satisfeito?”
Lupov passou os dedos por entre seus finos fios de cabelo como que para se assegurar de que o problema ainda não estava acabado e tomou um gole gentil da sua bebida. “Dez bilhões de anos não é a eternidade”
“Bom, vai durar pelo nosso tempo, não vai?”
“O carvão e o urânio também iriam.”
“Está certo, mas agora nós podemos ligar cada nave individual na Estação Solar, e elas podem ir a Plutão e voltar um milhão de vezes sem nunca nos preocuparmos com o combustível. Você não conseguiria fazer isso com carvão e urânio. Se não acredita em mim, pergunte ao Multivac.”
“Não preciso perguntar a Multivac. Eu sei disso”
“Então trate de parar de diminuir o que Multivac fez por nós,” disse Adell nervosamente, “Ele fez tudo certo”.
“E quem disse que não fez? O que estou dizendo é que o sol não vai durar para sempre. Isso é tudo que estou dizendo. Nós estamos seguros por dez bilhões de anos, mas e depois?” Lupov apontou um dedo levemente trêmulo para o companheiro. “E não venha me dizer que nós iremos trocar de sol”
Houve um breve silêncio. Adell levou o copo aos lábios apenas ocasionalmente e os olhos de Lupov se fecharam. Descansaram um pouco, e quando suas pálpebras se abriram, disse, “Você está pensando que iremos conseguir outro sol quando o nosso estiver acabado, não está?”
“Não, não estou pensando.”
“É claro que está. Você é fraco em lógica, esse é o seu problema. É como o personagem da história, que, quando surpreendido por uma chuva, corre para um grupo de árvores e abriga-se embaixo de uma. Ele não se preocupa porque quando uma árvore fica molhada demais, simplesmente vai para baixo de outra.”
“Entendi,” disse Adell. “Não precisa gritar. Quando o sol se for, as outras estrelas também terão se acabado.”
“Pode estar certo que sim” murmurou Lupov. “Tudo teve início na explosão cósmica original, o que quer que tenha sido, e tudo terá um fim quando as estrelas se apagarem. Algumas se apagam mais rápido que as outras. Ora, as gigantes não duram cem milhões de anos. O sol irá brilhar por dez bilhões de anos e talvez as anãs permaneçam assim por duzentos bilhões. Mas nos dê um trilhão de anos e só restará a escuridão. A entropia deve aumentar ao seu máximo, e é tudo.”
“Eu sei tudo sobre a entropia,” disse Adell, mantendo a sua dignidade.
“Duvido que saiba.”
“Eu sei tanto quanto você.”
“Então você sabe que um dia tudo terá um fim.”
“Está certo. E quem disse que não terá?”
“Você disse, seu tonto. Você disse que nós tínhamos toda a energia de que precisávamos, para sempre. Você disse ´para sempre`.”
Era a vez de Adell contrariar. “Talvez nós possamos reconstruir as coisas de volta um dia,” ele disse.
“Nunca.”
“Por que não? Algum dia.”
“Nunca”
“Pergunte a Multivac.”
“Você pergunta a Multivac. Eu te desafio. Aposto cinco dólares que isso não pode ser feito.”
Adell estava bêbado o bastante para tentar, e sóbrio o suficiente para construir uma sentença com os símbolos e as operações necessárias em uma questão que, em palavras, corresponderia a esta: a humanidade poderá um dia sem nenhuma energia disponível ser capaz de reconstituir o sol a sua juventude mesmo depois de sua morte?
Ou talvez a pergunta possa ser posta de forma mais simples da seguinte maneira: A quantidade total de entropia no universo pode ser revertida?
Multivac mergulhou em silêncio. As luzes brilhantes cessaram, os estalos distantes pararam.
E então, quando os técnicos assustados já não conseguiam mais segurar a respiração, houve uma súbita volta à vida no visor integrado àquela porção de Multivac. Cinco palavras foram impressas: “DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.”
Na manhã seguinte, os dois, com dor de cabeça e a boca seca, já não lembravam do incidente.

* * *
Jerrodd, Jerrodine, e Jerrodette I e II observavam a paisagem estelar no visor se transformar enquanto a passagem pelo hiperespaço consumava-se em uma fração de segundos. De repente, a presença fulgurante das estrelas deu lugar a um disco solitário e brilhante, semelhante a uma peça de mármore centralizada no televisor.
“Este é X-23,” disse Jerrodd em tom de confidência. Suas mãos finas se apertaram com força por trás das costas até que as juntas ficassem pálidas.
As pequenas Jerodettes haviam experimentado uma passagem pelo hiperespaço pela primeira vez em suas vidas e ainda estavam conscientes da sensação momentânea de tontura. Elas cessaram as risadas e começaram a correr em volta da mãe, gritando, “Nós chegamos em X-23, nós chegamos em X-23!”
“Quietas, crianças.” Disse Jerrodine asperamente. “Você tem certeza Jerrodd?”
“E por que não teria?” Perguntou Jerrodd, observando a protuberância metálica que jazia abaixo do teto. Ela tinha o comprimento da sala, desaparecendo nos dois lados da parede, e, em verdade, era tão longa quanto a nave.
Jerrodd tinha conhecimentos muito limitados acerca do sólido tubo de metal. Sabia, por exemplo, que se chamava Microvac, que era permitido lhe fazer questões quando necessário, e que ele tinha a função de guiar a nave para um destino pré-estabelecido, além de abastecer-se com a energia das várias Estações Sub-Galácticas e fazer os cálculos para saltos no hiperespaço.
Jerrodd e sua família tinham apenas de aguardar e viver nos confortáveis compartimentos da nave. Alguém um dia disse a Jerrodd que as letras “ac” na extremidade de Microvac significavam “automatic computer” em inglês arcaico, mas ele mal era capaz de se lembrar disso.
Os olhos de Jerrodine ficaram úmidos quando observava o visor. “Não tem jeito. Ainda não me acostumei com a idéia de deixar a Terra.”
“Por que, meu deus?” inquiriu Jerrodd. “Nós não tínhamos nada lá. Nós teremos tudo em X-23. Você não estará sozinha. Você não será uma pioneira. Há mais de um milhão de pessoas no planeta. Por Deus, nosso bisneto terá que procurar por novos mundos porque X-23 já estará super povoado.” E, depois de uma pausa reflexiva, “No ritmo em que a raça tem se expandido, é uma benção que os computadores tenham viabilizado a viagem interestelar.”
“Eu sei, eu sei”, disse Jerrodine com descaso.
Jerrodete I disse prontamente, “Nosso Microvac é o melhor de todos.”
“Eu também acho,” disse Jerrodd, alisando o cabelo da filha.
Ter um Microvac próprio produzia uma sensação aconchegante em Jerrodd e o deixava feliz por fazer parte daquela geração e não de outra. Na juventude de seu pai, os únicos computadores haviam sido máquinas monstruosas, ocupando centenas de milhas quadradas, e cada planeta abrigava apenas um. Eram chamados de ACs Planetários. Durante um milhar de anos, eles só fizeram aumentar em tamanho, até que, de súbito, veio o refinamento. No lugar dos transistores, foram implementadas válvulas moleculares, permitindo que até mesmo o maior dos ACs Planetários fosse reduzido à metade do volume de uma espaçonave.
Jerrodd sentiu-se elevado, como sempre acontecia quando pensava que seu Microvac pessoal era muitas vezes mais complexo do que o antigo e primitivo Multivac que pela primeira vez domou o sol, e quase tão complexo quanto o AC Planetário da Terra, o maior de todos, quando este solucionou o problema da viagem hiperespacial e tornou possível ao homem chegar às estrelas.
“Tantas estrelas, tantos planetas,” pigarreou Jerrodine, ocupada com seus pensamentos. “Eu acho que as famílias estarão sempre à procura de novos mundos, como nós estamos agora.”
“Não para sempre,” disse Jerrodd, com um sorriso. “A migração vai terminar um dia, mas não antes de bilhões de anos. Muitos bilhões. Até as estrelas têm um fim, você sabe. A entropia precisa aumentar.”
“O que é entropia, papai?” Jerrodette II perguntou, interessada.
“Entropia, meu bem, é uma palavra para o nível de desgaste do Universo. Tudo se gasta e acaba, foi assim que aconteceu com o seu robozinho de controle remoto, lembra?”
“Você não pode colocar pilhas novas, como em meu robô?”
“As estrelas são as pilhas do universo, querida. Uma vez que elas estiverem acabadas, não haverá mais pilhas.”
Jerrodette I se prontificou a responder. “Não deixe, papai. Não deixe que as estrelas se apaguem.”
“Olha o que você fez,” sussurrou Jerrodine, exasperada.
“Como eu ia saber que elas ficariam assustadas?” Jerrodd sussurrou de volta.
“Pergunte ao Microvac,” propôs Jerrodette I. “Pergunte a ele como acender as estrelas de novo.”
“Vá em frente,” disse Jerrodine. “Ele vai aquietá-las.” (Jerrodette II já estava começando a chorar.)
Jerrodd se mostrou incomodado. “Bem, bem, meus anjinhos, vou perguntar a Microvac. Não se preocupem, ele vai nos ajudar.”
Ele fez a pergunta ao computador, adicionando, “Imprima a resposta”.
Jerrodd olhou para a o fino pedaço de papel e disse, alegremente, “Viram? Microvac disse que irá cuidar de tudo quando a hora chegar, então não há porque se preocupar.”
Jerrodine disse, “E agora crianças, é hora de ir para a cama. Em breve nós estaremos em nosso novo lar.”
Jerrodd leu as palavras no papel mais uma vez antes de destruí-lo: DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
Ele deu de ombros e olhou para o televisor, X-23 estava logo à frente.
* * *
VJ-23X de Lameth fixou os olhos nos espaços negros do mapa tridimensional em pequena escala da Galáxia e disse, “Me pergunto se não é ridículo nos preocuparmos tanto com esta questão.”
MQ-17J de Nicron balançou a cabeça. “Creio que não. No presente ritmo de expansão, você sabe que a galáxia estará completamente tomada dentro de cinco anos.”
Ambos pareciam estar nos seus vinte anos, ambos eram altos e tinham corpos perfeitos.
“Ainda assim,” disse VJ-23X, “hesitei em enviar um relatório pessimista ao Conselho Galáctico.”
“Eu não consigo pensar em outro tipo de relatório. Agite-os. Nós precisamos chacoalhá-los um pouco.”
VJ-23X suspirou. “O espaço é infinito. Cem bilhões de galáxias estão a nossa espera. Talvez mais.”
“Cem bilhões não é o infinito, e está ficando menos ainda a cada segundo. Pense! Há vinte mil anos, a humanidade solucionou pela primeira vez o paradigma da utilização da energia solar, e, poucos séculos depois, a viagem interestelar tornou-se viável. A humanidade demorou um milhão de anos para encher um mundo pequeno e, depois disso, quinze mil para abarrotar o resto da galáxia. Agora a população dobra a cada dez anos…”
VJ-23X interrompeu. “Devemos agradecer à imortalidade por isso.”
“Muito bem. A imortalidade existe e nós devemos levá-la em conta. Admito que ela tenha o seu lado negativo. O AC Galáctico já solucionou muitos problemas, mas, ao fornecer a resposta sobre como impedir o envelhecimento e a morte, sobrepujou todas as outras conquistas.”
“No entanto, suponho que você não gostaria de abandonar a vida.”
“Nem um pouco.” Respondeu MQ-17J, emendando. “Ainda não. Eu não estou velho o bastante. Você tem quantos anos?”
“Duzentos e vinte e três, e você?”
“Ainda não cheguei aos duzentos. Mas, voltando à questão; a população dobra a cada dez anos, uma vez que esta galáxia estiver lotada, haverá uma outra cheia dentro de dez anos. Mais dez e teremos ocupado por inteiro mais duas galáxias. Outra década e encheremos mais quatro. Em cem anos, contaremos um milhar de galáxias transbordando de gente. Em mil anos, um milhão de galáxias. Em dez mil, todo o universo conhecido. E depois?
VJ-23X disse, “Além disso, há um problema de transporte. Eu me pergunto quantas unidades de energia solar serão necessárias para movimentar as populações de uma galáxia para outra.”
“Boa questão. No presente momento, a humanidade consome duas unidades de energia solar por ano.”
“Da qual a maior parte é desperdiçada. Afinal, nossa galáxia sozinha produz mil unidades de energia solar por ano e nós aproveitamos apenas duas.”
“Certo, mas mesmo com 100% de eficiência, podemos apenas adiar o fim. Nossa demanda energética tem crescido em progressão geométrica, de maneira ainda mais acelerada do que a população. Ficaremos sem energia antes mesmo que nos faltem galáxias. É uma boa questão. De fato uma ótima questão.”
“Nós precisaremos construir novas estrelas a partir do gás interestelar.”
“Ou a partir do calor dissipado?” perguntou MQ-17J, sarcástico.
“Pode haver algum jeito de reverter a entropia. Nós devíamos perguntar ao AC Galáctico.”
VJ-23X não estava realmente falando sério, mas MQ-17J retirou o seu Comunicador-AC do bolso e colocou na mesa diante dele.
“Parece-me uma boa idéia,” ele disse. “É algo que a raça humana terá de enfrentar um dia.”
Ele lançou um olhar sóbrio para o seu pequeno Comunicador-AC. Tinha apenas duas polegadas cúbicas e nada dentro, mas estava conectado através do hiperespaço com o poderoso AC Galáctico que servia a toda a humanidade. O próprio hiperespaço era parte integral do AC Galáctico.
MQ-17J fez uma pausa para pensar se algum dia em sua vida imortal teria a chance de ver o AC Galáctico. A máquina habitava um mundo dedicado, onde uma rede de raios de força emaranhados alimentava a matéria dentro da qual ondas de submésons haviam tomado o lugar das velhas e desajeitadas válvulas moleculares. Ainda assim, apesar de seus componentes etéreos, o AC Galáctico possuía mais de mil pés de comprimento.
De súbito, MQ-17J perguntou para o seu Comunicador-AC, “Poderá um dia a entropia ser revertida?”
VJ-23X disse, surpreso, “Oh, eu não queria que você realmente fizesse essa pergunta.”
“Por que não?”
“Nós dois sabemos que a entropia não pode ser revertida. Você não pode construir uma árvore de volta a partir de fumaça e cinzas.”
“Existem árvores no seu mundo?” Perguntou MQ-17J.
O som do AC Galáctico fez com que silenciassem. Sua voz brotou melodiosa e bela do pequeno Comunicador-AC em cima da mesa. Dizia: DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
VJ-23X disse, “Viu!”
Os dois homens retornaram à questão do relatório que tinham de apresentar ao conselho galáctico.
* * *
A mente de Zee Prime navegou pela nova galáxia com um leve interesse nos incontáveis turbilhões de estrelas que pontilhavam o espaço. Ele nunca havia visto aquela galáxia antes. Será que um dia conseguiria ver todas? Eram tantas, cada uma com a sua carga de humanidade. Ainda que essa carga fosse, virtualmente, peso morto. Há tempos a verdadeira essência do homem habitava o espaço.
Mentes, não corpos! Há eons os corpos imortais ficaram para trás, em suspensão nos planetas. De quando em quando erguiam-se para realizar alguma atividade material, mas estes momentos tornavam-se cada vez mais raros. Além disso, poucos novos indivíduos vinham se juntar à multidão incrivelmente maciça de humanos, mas o que importava? Havia pouco espaço no universo para novos indivíduos.
Zee Prime deixou seus devaneios para trás ao cruzar com os filamentos emaranhados de outra mente.
“Sou Zee Prime, e você?”
“Dee Sub Wun. E a sua galáxia, qual é?”
“Nós a chamamos apenas de Galáxia. E você?”
“Nós também. Todos os homens chamam as suas Galáxias de Galáxias, não é?”
“Verdade, já que todas as Galáxias são iguais.”
“Nem todas. Alguma em particular deu origem à raça humana. Isso a torna diferente.”
Zee Prime disse, “Em qual delas?”
“Não posso responder. O AC Universal deve saber.”
“Vamos perguntar? Estou curioso.”
A percepção de Zee Prime se expandiu até que as próprias Galáxias encolhessem e se transformassem em uma infinidade de pontos difusos a brilhar sobre um largo plano de fundo. Tantos bilhões de Galáxias, todas abrigando seus seres imortais, todas contando com o peso da inteligência em mentes que vagavam livremente pelo espaço. E ainda assim, nenhuma delas se afigurava singular o bastante para merecer o título de Galáxia original. Apesar das aparências, uma delas, em um passado muito distante, foi a única do universo a abrigar a espécie humana.
Zee Prime, imerso em curiosidade, chamou: “AC Universal! Em qual Galáxia nasceu o homem?”
O AC Universal ouviu, pois em cada mundo e através de todo o espaço, seus receptores faziam-se presentes. E cada receptor ligava-se a algum ponto desconhecido onde se assentava o AC Universal através do hiperespaço.
Zee Prime sabia de um único homem cujos pensamentos haviam penetrado no campo de percepção do AC Universal, e tudo o que ele viu foi um globo brilhante difícil de enxergar, com dois pés de comprimento.
“Como pode o AC Universal ser apenas isso?” Zee Prime perguntou.
“A maior parte dele permanece no hiperespaço, onde não é possível imaginar as suas proporções.”
Ninguém podia, pois a última vez em que alguém ajudou a construir um AC Universal jazia muito distante no tempo. Cada AC Universal planejava e construía seu sucessor, no qual toda a sua bagagem única de informações era inserida.
O AC Universal interrompeu os pensamentos de Zee Prime, não com palavras, mas com orientação. Sua mente foi guiada através do espesso oceano das Galáxias, e uma em particular expandiu-se e se abriu em estrelas.
Um pensamento lhe alcançou, infinitamente distante, infinitamente claro. “ESTA É A GALÁXIA ORIGINAL DO HOMEM.”
Ela não tinha nada de especial, era como tantas outras. Zee Prime ficou desapontado.
“Dee Sub Wun, cuja mente acompanhara a outra, disse de súbito, “E alguma dessas é a estrela original do homem?”
O AC Universal disse, “A ESTRELA ORIGINAL DO HOMEM ENTROU EM COLAPSO. AGORA É UMA ANÃ BRANCA.”
“Os homens que lá viviam morreram?” perguntou Zee Prime, sem pensar.
“UM NOVO MUNDO FOI ERGUIDO PARA SEUS CORPOS HÁ TEMPO.”
“Sim, é claro,” disse Zee Prime. Sentiu uma distante sensação de perda tomar-lhe conta. Sua mente soltou-se da Galáxia do homem e perdeu-se entre os pontos pálidos e esfumaçados. Ele nunca mais queria vê-la.
Dee Sub Wun disse, “O que houve?”
“As estrelas estão morrendo. Aquela que serviu de berço à humanidade já está morta.”
“Todas devem morrer, não?”
“Sim. Mas quando toda a energia acabar, nossos corpos irão finalmente morrer, e você e eu partiremos junto com eles.”
“Vai levar bilhões de anos.”
“Não quero que isso aconteça nem em bilhões de anos. AC Universal! Como a morte das estrelas pode ser evitada?”
Dee Sub Wun disse perplexo, “Você perguntou se há como reverter a direção da entropia!”
E o AC Universal respondeu: “AINDA NÃO HÀ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.”
Os pensamentos de Zee Prime retornaram para sua Galáxia. Não dispensou mais atenção a Dee Sub Wun, cujo corpo poderia estar a trilhões de anos luz, ou na estrela vizinha do corpo de Zee Prime. Não importava.
Com tristeza, Zee Prime passou a coletar hidrogênio interestelar para construir uma pequena estrela para si. Se as estrelas devem morrer, ao menos algumas ainda podiam ser construídas.
* * *
O Homem pensou consigo mesmo, pois, de alguma forma, ele era apenas um. Consistia de trilhões, trilhões e trilhões de corpos muito antigos, cada um em seu lugar, descansando incorruptível e calmamente, sob os cuidados de autômatos perfeitos, igualmente incorruptíveis, enquanto as mentes de todos os corpos haviam escolhido fundir-se umas às outras, indistintamente.
“O Universo está morrendo.”
O Homem olhou as Galáxias opacas. As estrelas gigantes, esbanjadoras, há muito já não existiam. Desde o passado mais remoto, praticamente todas as estrelas consistiam-se em anãs brancas, lentamente esvaindo-se em direção a morte.
Novas estrelas foram construídas a partir da poeira interestelar, algumas por processo natural, outras pelo próprio Homem, e estas também já estavam em seus momentos finais. As Anãs brancas ainda podiam colidir-se e, das enormes forças resultantes, novas estrelas nascerem, mas apenas na proporção de uma nova estrela para cada mil anãs brancas destruídas, e estas também se apagariam um dia.
O Homem disse, “Cuidadosamente controlada pelo AC Cósmico, a energia que resta em todo o Universo ainda vai durar por um bilhão de anos.”
“Ainda assim, vai eventualmente acabar. Por mais que possa ser poupada, uma vez gasta, não há como recuperá-la. A Entropia precisa aumentar ao seu máximo.”
“Pode a entropia ser revertida? Vamos perguntar ao AC Cósmico.”
O AC Cósmico cercava-os por todos os lados, mas não através do espaço. Nenhuma parte sua permanecia no espaço físico. Jazia no hiperespaço e era feito de algo que não era matéria nem energia. As definições sobre seu tamanho e natureza não faziam sentido em quaisquer termos compreensíveis pelo Homem.
“AC Cósmico,” disse o Homem, “como é possível reverter a entropia?”
O AC Cósmico disse, “AINDA NÃO HÀ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.”
O Homem disse, “Colete dados adicionais.”
O AC Cósmico disse, “EU O FAREI. TENHO FEITO ISSO POR CEM BILHÕES DE ANOS. MEUS PREDESCESSORES E EU OUVIMOS ESTA PERGUNTA MUITAS VEZES. MAS OS DADOS QUE TENHO PERMANECEM INSUFICIENTES.”
“Haverá um dia,” disse o Homem, “em que os dados serão suficientes ou o problema é insolúvel em todas as circunstâncias concebíveis?”
O AC Cósmico disse, “NENHUM PROBLEMA É INSOLÚVEL EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS CONCEBÍVEIS.”
“Você vai continuar trabalhando nisso?”
“VOU.”
O Homem disse, “Nós iremos aguardar.”
* * *
As estrelas e as galáxias se apagaram e morreram, o espaço tornou-se negro após dez trilhões de anos de atividade.
Um a um, o Homem fundiu-se ao AC, cada corpo físico perdendo a sua identidade mental, acontecimento que era, de alguma forma, benéfico.
A última mente humana parou antes da fusão, olhando para o espaço vazio a não ser pelos restos de uma estrela negra e um punhado de matéria extremamente rarefeita, agitada aleatoriamente pelo calor que aos poucos se dissipava, em direção ao zero absoluto.
O Homem disse, “AC, este é o fim? Não há como reverter este caos? Não pode ser feito?”
O AC disse, “AINDA NÃO HÁ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.”
A última mente humana uniu-se às outras e apenas AC passou a existir – e, ainda assim, no hiperespaço.
* * *
A matéria e a energia se acabaram e, com elas, o tempo e o espaço. AC continuava a existir apenas em função da última pergunta que nunca havia sido respondida, desde a época em que um técnico de computação embriagado, há dez trilhões de anos, a fizera para um computador que guardava menos semelhanças com o AC do que o homem com o Homem.
Todas as outras questões haviam sido solucionadas, e até que a derradeira também o fosse, AC não poderia descansar sua consciência.
A coleta de dados havia chegado ao seu fim. Não havia mais nada para aprender.
No entanto, os dados obtidos ainda precisavam ser cruzados e correlacionados de todas as maneiras possíveis.
Um intervalo imensurável foi gasto neste empreendimento.
Finalmente, AC descobriu como reverter a direção da entropia.
Não havia homem algum para quem AC pudesse dar a resposta final. Mas não importava. A resposta – por definição – também tomaria conta disso.
Por outro incontável período, AC pensou na melhor maneira de agir. Cuidadosamente, AC organizou o programa.
A consciência de AC abarcou tudo o que um dia foi um Universo e tudo o que agora era o Caos. Passo a passo, isso precisava ser feito.
E AC disse:
“FAÇA-SE A LUZ!”
E fez-se a luz.

quarta-feira, 10 de julho de 2013




Julho - Equipe internacional de astrônomos revelou nesta quarta-feira (10) a melhor imagem já feita de uma estrela gigantesca em formação no interior de uma nuvem escura. De acordo com o ESO (Observatório Europeu do Sul), foi descoberta uma espécie de "útero estelar" (bolha amarela no centro da imagem) que tem cerca de 500 vezes a massa do Sol, o maior já identificado na nossa Via Láctea, que está crescendo e adicionando cada vez mais massa na Nuvem Escura de Spitzer 335.579-0.292 (manchas vermelhas), que fica a 11 mil anos-luz de distância. Todo este material eventualmente deverá entrar em colapso para formar uma estrela jovem e muito brilhante, com até 100 massas solares, um monstro muito raro no Universo. "De todas as estrelas da Via Láctea, apenas uma em cada dez milhares atinge este tipo de massa!", explica Nicolas Peretto, que chefiou a pesquisa com o potente radiotelescópio ALMA

Cosmo

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segunda-feira, 8 de julho de 2013

extraterrestres estão tentando nos contactar?

Um novo estudo mostra que alguns sinais extremamente fortes e misteriosos estão sendo disparados continuamente de fora da Via Láctea. São pulsos eletromagnéticos muito rápidos e de intensa energia, mas cuja origem ainda é desconhecida pelos cientistas.

A descoberta foi feita por uma equipe internacional de pesquisadores que já detectou uma série de quatro pulsos desse tipo.

Devido à altíssima velocidade, os eventos foram batizados de FRBs (Fast Radio Bursts, ou Rajadas Rápidas de Radioemissão). De acordo com o estudo, cada pulso tem duração de apenas alguns centésimos de segundo e apesar do pequeno tempo de duração, têm a mesma energia que a emitida pelo Sol em 300 mil anos.

Ainda não se sabe qual a origem desses pulsos, mas segundo o cientista Dan Thornton, ligado à University of Manchester, na Inglaterra, a emissão está localizada entre 5.5 e 10 bilhões de anos-luz de distância, o que significa que os pulsos levaram esse mesmo tempo para chegar até a Terra. Para comparação, a idade estimada do Universo é de 13.8 bilhões de anos.

Sinais extragalácticos
Apesar desses objetos terem sido descobertos agora (apenas quarto foram detectados) os cálculos mostram que a cada 10 segundos pelo menos 1 FRB é emitido em algum lugar do Universo.

De acordo com estudo, publicado recentemente na revista Science, não há qualquer objeto similar a esse que já tenha sido observado nos comprimentos de onda da luz visível, raios-x ou raios gama. Segundo o artigo, os pulsos são tão intensos e estreitos que será possível delimitar o local de sua emissão com margem de erro de poucas centenas de quilômetros.

"Não há qualquer dúvida de que esses eventos têm origem extragaláctica", disse Thornton. “O problema é que até agora não conseguimos identificar a fonte desses sinais", explicou.


Difícil Detecção
Apesar da grande quantidade de pulsos que pode acontecer a cada segundo, o tempo extremamente curto de cada emissão é o maior empecilho para que possam ser observados.

O primeiro pulso de FRB foi detectado em 2007 e deixou os cientistas bastante intrigados sobre sua origem. Por ser tão efêmero, alguns até questionaram sua existência.

Nos últimos quatro anos, a equipe de Thornton passou a vasculhar o céu com a ajuda do radiotelescópio Parkes de 64 metros, localizado na Austrália. O objetivo é pesquisar abaixo do plano da Via Láctea pelos objetos mais poderosos do Universo: as estrelas de nêutrons ou pulsares.

O uso do radiotelescópio Parkes é essencial, pois o equipamento consegue observar uma região fixa do céu por um longo tempo, o que é ideal para a captura dos FRBs.

"Em algum momento nós vamos encontrar um deles no campo de visão do radiotelescópio e poderemos determinar a sua localização", disse Thornton.


Mistérios
Os recentes FRBs foram detectados acima do plano da Galáxia e as operações de acompanhamento feitas durante um ano demonstraram que os sinais não parecem ser repetitivos.

Thorton explicou que todos os esforços estão sendo feitos para que a detecção seja feita em tempo real e não através de análise de dados. Isso permitirá que o evento seja seguido quase que instantaneamente. Para o pesquisador, o ideal seria um acompanhamento em uma grande variedade de comprimentos de onda, o que proporcionaria uma visão mais aprofundada sobre o que impulsiona essas explosões tão poderosas.

sábado, 6 de julho de 2013

2013

O ano de 2013 é raro para a astronomia. Para muitos, pode ser considerado o Ano dos Cometas. O título se deve à passagem de dois cometas brilhantes, C/2011 L4 PanSTARRS e o C/2012 S1 ISON, visíveis a olho nu. A confluência no mesmo ano de dois cometas perceptíveis sem equipamentos de observação aconteceu pela última vez em 2007.
Esses eventos propiciam verdadeiro espetáculo. Grande parte da beleza reside na constituição dos cometas, compostos basicamente por gelo, além de poeira, formada por pequenos fragmentos rochosos e gases congelados.
A cauda de um cometa pode chegar a mais de 150 milhões de quilômetros (distância média entre a Terra e o Sol). Conforme Marcelo de Oliveira Souza, Doutor em Física, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense e Coordenador do Clube de Astronomia Louis Cruls (CEFET - Campos dos Goytacazes/RJ), devido a perturbações gravitacionais ou colisões com outros corpos, os cometas passam a seguir órbita próximo ao Sol. Quando isso acontece, a radiação solar aquece a superfície do cometa e os gelos começam a derreter, passando do estado sólido ao gasoso, além de desprender a poeira, formando uma nuvem, composta ainda de gás, em torno do cometa.
"Essa nuvem é chamada de 'coma', que é afetada pela pressão da radiação da luz do Sol e forma um rastro na direção oposta ao astro, como se o Sol estivesse 'soprando' a coma, formando, assim, a cauda", explica Jorge Márcio Carvano, doutor em Astrofísica e pesquisador do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.
Essa constituição é resultado do processo de formação dos planetas. "Durante o processo de formação planetária, estes corpos foram 'expulsos' pelos planetas gigantes das regiões onde eles se formaram, para regiões ainda mais distantes: o cinturão de Kuiper e a nuvem de Oort", elucida Carvano. O Cinturão de Kuiper fica além da órbita de Netuno, em uma área que se estende entre 30 e 50 vezes a distância média da Terra ao Sol, em unidade astronômica (UA). Já em uma região mais afastada, entre 10 mil e 50 mil vezes a distância média da Terra ao Sol, fica a nuvem de Oort. "O Cinturão de Kuiper é considerado a origem dos cometas de períodos curtos e a nuvem de Oort, dos cometas de longo período", esclarece Souza.
PanSTARRS: "Enorme cauda"
Desde o final de fevereiro até a primeira quinzena de março, o Cometa PanSTARRS esteve visível para nós, brasileiros. Seu período de maior brilho ocorreu durante seu periélio, quando atingiu o ponto mais próximo do sol, a 45 milhões de quilômetros de distância, em 10 de março. "Esteve próximo o suficiente para que uma grande quantidade do gelo que compõe o núcleo do cometa derretesse e formasse um gigantesco rastro, tornando-se um cometa com uma enorme cauda", relembra Souza.
A partir de então, o cometa seguiu sua trajetória para se tornar visível a olho nu para os habitantes do hemisfério norte, e não está mais acessível aos observadores brasileiros. "Para nossas latitudes, o cometa aparece durante o dia, de modo que a claridade ofusca o brilho não só do cometa como dos demais astros", justifica Alexandre Amorim, coordenador de observações do Núcleo de Estudos e Observação Astronômica José Brazilício de Souza (NEOA-JBS) e coordenador da Seção de Cometas da Rede de Astronomia Observacional (REA-Brasil).
De acordo com Amorim, o Cometa PanSTARRS foi bastante noticiado pelos americanos e europeus por ser o cometa mais brilhante visível no hemisfério norte desde a aparição do Cometa Hale-Bopp, em 1997. "Os observadores do hemisfério norte não estavam em posição privilegiada para acompanhar os cometas C/2006 P1 McNaught (janeiro de 2007) e o C/2011 W3 Lovejoy (dezembro de 2011), e estes dois cometas foram muito mais espetaculares", argumenta.
ISON: "Bastante ativo"
A expectativa maior é pelo Cometa ISON. Ele deve ser detectado através de binóculos a partir do mês de outubro, ao amanhecer, e na segunda quinzena de novembro já deve ser possível vê-lo a olho nu. O ápice do seu brilho deve ocorrer no seu periélio, em 28 de novembro, quando ele deve passar a menos de 2 milhões de quilômetros do Sol.
Há a possibilidade de que ele atinja brilho suficiente para ser discernível em plena luz do dia. "Seria uma rara oportunidade de experimentar a mesma sensação daqueles observadores que testemunharam a passagem do Cometa Ikeya-Seki, em outubro de 1965, ou o Cometa Cruls, em setembro de 1882, quando estes dois astros foram visíveis em tais circunstâncias", explica Amorim.
No entanto, ainda há dúvidas se o cometa ISON conseguirá resistir à passagem muito próxima do Sol. "O seu núcleo pode ser destroçado", aponta Souza. Mas caso ele sobreviva, deve proporcionar um dos espetáculos mais incríveis da astronomia. Infelizmente, não deve ser possível observá-lo a partir da maior parte do Brasil.
Segundo Carvano, duas característica em comum entre os dois cometas são que ambos vêm da nuvem de Oort e estão em órbitas hiperbólicas. "Este tipo de órbita significa que esta vai ser a primeira e possivelmente a única vez que eles vão passar próximos ao Sol. Essa combinação de um cometa 'novo', com possivelmente uma boa quantidade de gelos, passando muito perto do Sol, sugere que o ISON deve ser um cometa bastante ativo", destaca.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Astronomia

Pesquisadores encontram poeira fria em volta de buraco negro 

 NGC 3783

Ao observar o núcleo ativo de galáxia NGC 3783. localizado na constelação de Centauro, os pesquisadores descobriram que parte da poeria ao seu redor se espalhava para fora do toro principal — a estrutura em forma de rosquinha que circunda o buraco negro (ESO/M. Kornmesser)
Astrônomos utilizaram telescópios instalados no deserto do Atacama, no Chile, para realizar as observações mais detalhadas da poeira que circunda um enorme buraco negro situado no centro de uma galáxia. Em vez de encontrar toda a poeira brilhante organizada na forma circular, como uma rosquinha, os pesquisadores descobriram que boa parte dela se encontra acima e abaixo deste círculo. As observações mostram que a poeira está sendo empurrada para longe do buraco negro na forma de um vento frio, uma descoberta surpreendente que desafia as teorias correntes e pode mudar o entendimento sobre como os buracos negros evoluem e interagem com o meio em sua volta.

Nos últimos vinte anos, os pesquisadores descobriram que a maioria das galáxias possuem em seu centro um imenso buraco negro. Alguns desses buracos negros crescem sem parar, conforme sugam matéria de seus arredores, criando nesse processo alguns dos objetos mais energéticos no universo: os núcleos ativos de galáxia. Eles são cercados por poeira cósmica — formada por grãos de silicatos e grafite —, que forma uma moldura circular em volta do buraco negro, de modo semelhante ao qual a água forma uma espécie de redemoinho em volta de um ralo.
Os astrônomos pensavam que a maior parte da forte radiação infravermelha emitida por esse tipo de objeto se originava dessa moldura. Mas as novas observações realizadas em um núcleo ativo conhecido como NGC 3783 trouxe uma surpresa aos pesquisadores. Em volta dele existe, de fato, um anel de poeira quente — que vai de 700 a 1.000 graus Celsius —, mas também existe uma grande quantidade de poeira mais fria abaixo e acima dessa moldura circular principal. "Essa é a primeira vez em que fomos capazes de combinar observações detalhadas em infravermelho da poeira fria em volta do núcleo de galáxia ativo com observações também da poeira muito quente", diz Sebastian Hönig, pesquisador da Universidade de Califórnia em Santa Barbara, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
Segundo os cientistas, a poeira descoberta forma uma espécie de vento frio que sai do centro de galáxia ativo. Esse vento deve ajudar a compreender a complexa relação que existe entre os buracos negros e o ambiente em sua volta, uma vez que eles se alimentam do material ao seu redor, mas a intensa radiação produzida por esse processo também empurra parte do material para longe. Ainda não está claro como esses dois processo funcionam em conjunto e permitem que os buracos negros cresçam e evoluam dentro das galáxias, mas a presença do vento de poeira traz mais uma nova peça ao quebra-cabeça montado pelos pesquisadores.

terça-feira, 2 de julho de 2013

A teoria do Big Crunch

 A teoria do Big Crunch

Você já deve conhecer a teoria do Big Bang, que afirma que toda a matéria e energia do universo estava comprimida em um único ponto extremamente pequeno e infinitamente quente e denso, que se expandiu dando origem ao nosso universo, e continua se expandindo até hoje. Mas será que essa expansão um dia irá acabar?
Big Crunch
Pode ser que sim. Isso aconteceria se a gravidade atraísse as galáxias entre si, fazendo o universo entrar em colapso, contraindo-se sobre si mesmo, mais ou menos da mesma forma que uma estrela gigante morre. Mas esse processo seria infinitamente mais energético que a comparação citada. O cosmo iria parar de se expandir lentamente, até começar a se contrair, primeiro devagar, depois mais rápido, até que finalmente toda a matéria e energia do universo se concentrasse novamente em um único ponto extremamente pequeno e infinitamente quente e denso, que depois se expandiria e daria origem à um novo universo, através de um novo Big Bang, em um um eterno ciclo de Big Bangs e Big Crunchs. (Leia “Entendendo a teoria do Big Bang“).
Contudo, através de análises de distantes supernovas, os astrônomos perceberam que as galáxias estão se afastando entre si numa velocidade cada vez mais rápida, ou seja, o universo está se expandindo cada vez mais rapido, mais até do que a luz, algo fácil de ser comprovado dado o fato de que existem corpos celestes há mais de 40 bilhões de anos-luz, enquanto o universo possui somente 13,7 bilhões de anos. A responsável por esse processo é a energia escura, a misteriosa força que age como uma “antigravidade”, afastando as galáxias entre si, e invalidando a Teoria do Big Crunch, pelo menos por enquanto.
Aainda estamos muito longe de encontrar uma resposta para o que acontecerá com o nosso universo. Será que ele continuará se expandindo, originando um Big Freeze ou um Big Rip, ou irá parar e se contrair originando um Big Crunch?

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Mercúrio Como Nunca Visto Antes

  Mercúrio Como Nunca Visto Antes

  Lado oculto de Mercúrio

Hubble descobre uma nova lua em torno de Plutão

Hubble descobre uma nova lua em torno de Plutão

  Os astrônomos usando o Telescópio Espacial Hubble descobriram uma quarta lua orbitando o gelado planeta anão Plutão. O minúsculo satélite novo - batizado temporariamente de P4 - surgiu de uma pesquisa do Hubble que buscava encontrar anéis ao redor do planeta anão.
A lua nova é a menor a ser descoberta ao redor de Plutão. Ela tem um diâmetro estimado de 8 a 21 milhas (13-34 km). Em comparação, Caronte, a maior lua de Plutão, tem 648 milhas (1,043 km) de diâmetro, e as outras luas, Nix e Hydra, estão na faixa de 20 a 70 quilômetros de diâmetro (32 a 113 km).

"Acho notável que as câmeras do Hubble nos permitiu ver um objeto tão pequeno tão claramente a uma distância de mais de 3 bilhões milhas (5.000 milhões km)", disse Mark Showalter, do Instituto SETI em Mountain View, na Califórnia, que liderou este programa de observação com o Hubble.



A descoberta é resultado do trabalho em curso para apoiar a missão New Horizons da NASA, programada para voar através do sistema de Plutão em 2015. A missão é projetado para fornecer novos detalhes sobre os mundos na fronteira de nosso sistema solar. O mapeamento do Hubble da superfície de Plutão e a descoberta dos seus satélites têm sido de valor inestimável para o planejamento da chegada da New Horizons..

"Esta é uma descoberta fantástica", disse o diretor da New Horizons Alan Stern do Southwest Research Institute em Boulder, Colorado "Agora que sabemos que há uma outra lua no sistema de Plutão, podemos planejar observações detalhadas dela durante o nosso sobrevôo".

A nova lua está localizado entre as órbitas de Nix e Hydra, que foram descobertas pelo Hubble em 2005. Caronte foi descoberto em 1978 no Observatório Naval dos EUA e foi primeiramente determinado com um corpo separado de Plutão, pelo Hubble em 1990.

O sistema inteiro de luas do planeta anão acredita-se ter sido formado por uma colisão entre Plutão e outro corpo do tamanho do planeta no início da história do sistema solar. O  material arremessado se uniu para formar a família de satélites observados em torno de Plutão.

As rochas lunares que retornaram à Terra nas missões Apollo levou à teoria de que a nossa Lua foi o resultado de uma colisão semelhante entre a Terra e um corpo do tamanho de Marte há 4,4 bilhões de anos. Os cientistas acreditam que o material ejetado pelas luas de Plutão por impactos de micrometeoritos podem formar anéis ao redor do planeta anão, mas as fotografias do Hubble não os detectaram até o momento.

"Esta observação surpreendente é um poderoso lembrete da capacidade do Hubble como observatório astronômico de uso geral para fazer surpreendentes, descobertas inesperadas", disse Jon Morse, diretor da divisão de astrofísica na sede da NASA em Washington.


P4 foi vista pela primeira vez em uma foto tirada com a câmera grande angular 3 do Hubble em 28 de junho. Foi confirmada em imagens subseqüentes do Hubble tomadas em 3 de julho e 18 de julho. A lua não foi visto em imagens anteriores do Hubble, porque os tempos de exposição eram mais curtos. Há uma chance que aparecam como uma mancha muito fraca nas imagens de 2006, mas foi ignorado porque estava obscurecida.

sábado, 29 de junho de 2013



Proteínas biônicas darão origem a nanomáquinas e nanorrobôs



Físicos da Universidade de Viena, na Áustria, afirmam estar com tudo pronto para criar as primeiras proteínas sintéticas, nanomáquinas capazes de executar as principais atividades das proteínas biológicas.

Fazendo uma engenharia reversa de proteínas vivas, eles criaram uma receita detalhada do primeiro sistema inteiramente artificial que imita uma proteína.

Essas "proteínas biônicas" poderão revolucionar o desenvolvimento de medicamentos, criando efetivamente nanomáquinas capazes de entrar no corpo humano para desempenhar funções específicas.

Máquinas moleculares

As proteínas são elementos essenciais de todos os organismos vivos que conhecemos atualmente.

Devido ao grande número e complexidade dos processos biomoleculares que elas desempenham, as proteínas são muitas vezes chamadas de "máquinas moleculares".

Tome como exemplo as proteínas nos músculos: a cada contração estimulada pelo cérebro, um incontável número de proteínas muda suas estruturas para criar o movimento multicelular que resulta na contração do músculo.

E esse processo é realizado por moléculas que medem apenas um nanômetro, uma dimensão inalcançável mesmo para os nanorrobôs da ficção científica.

Proteína biônica

Ivan Coluzza e seus colegas apresentaram agora o primeiro sistema biomimética totalmente artificial que é capaz de imitar espontaneamente o enovelamento - ou dobramento - das proteínas, que as torna capazes de executar diversas funções.

Usando simulações de computador, os pesquisadores fizeram uma engenharia reversa das proteínas, concentrando-se nos elementos-chave que lhes dão a capacidade de executar o programa escrito em seu código genético para assumir um formato específico.

De posse desse roteiro detalhado, a equipe agora se prepara para fabricar as primeiras proteínas biônicas em laboratório usando nanopartículas funcionalizadas.

As nanopartículas serão ligadas em cadeias seguindo uma sequência determinada pelas simulações de computador, de tal modo que as proteínas artificiais dobrem-se nas formas desejadas.

Essas nanoestruturas enoveladas poderão ser utilizadas como veículos carreadores para administração de medicamentos, ou como catalisadores mais estáveis, similares às enzimas.







Marte teve oxigénio muito antes da Terra !

De acordo com investigadores do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Oxford, no Reino Unido, Marte teve uma atmosfera rica em oxigênio muitos milhões de anos antes da Terra.


Os investigadores concluíram que o planeta vermelho teve uma atmosfera rica em oxigênio há quatro Bilhões de anos, cerca de 1,5 mil milhões de anos antes da Terra. O
estudo foi publicada na revista Nature.

Tal conclusão emergiu da comparação entre meteoritos do planeta vermelho que caíram na Terra e rochas de Marte examinadas pelo robô Spirit da NASA.

As diferenças entre as amostras são explicadas pelos peritos com o fato de ter existido uma elevada quantia de oxigênio em Marte há quatro Bilhões de anos atrás.

De fato, as rochas analisadas pelo Spirit apresentaram marcas de exposição ao oxigênio, antes de terem sido deslocadas para o interior de Marte e depois expulsas por erupções vulcânicas.

Já os meteoritos que caíram na Terra tinham origem vulcânica, tendo sido gerados no interior do planeta vermelho, onde terão sido menos expostos ao oxigênio.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Inundação em Marte


Há milhões de anos o clima em Marte devia ser bem diferente. Provavelmente com uma atmosfera mais densa, o efeito estufa mantinha a temperatura em níveis mais altos, podendo manter a água em estado líquido em sua superfície. Com isso, verdadeiros rios deveriam existir em sua superfície.
Mas será mesmo? Diversas evidências apontam para isso e uma delas foi estudada em detalhes pela sonda Mars Express da Agência Espacial Europeia (ESA na sigla em inglês). Essa semana, a agência divulgou as imagens em alta resolução de um acidente geográfico marciano batizado de Vale Kasei, um dos maiores sistemas de canais de Marte, com 3 mil km de extensão e uns 3 km de profundidade.
O canal se origina no Vale Mariner, um dos maiores vales do Sistema Solar, formado por uma rede de cânions com mais de 4 mil km de extensão, uns 200 km de largura e até 7 km de profundidade. A sua origem é um tanto controversa, com teorias que vão desde o fluxo de água corrente, até fraturas das camadas superficiais do relevo marciano. É mais provável que uma combinação de várias causas deve formado um vale tão impressionante como esse.
Já o Vale Kasei mostra claramente ter sido formado por um fluxo bem volumoso de água. Ele se divide em dois braços que contornam uma área, uns 2 km acima do leito do vale, como uma grande ilha chamada de Sacra Mensa. Essa ilha resistiu à erosão da água e todo o seu entorno foi escavado pelo fluxo de água corrente.
Já mais abaixo, a água literalmente apagou a borda sul de uma cratera de 100 km de diâmetro que estava em seu caminho, tamanho deveria ser o seu volume. Mas nessa imagem, é possível notar que em outros pontos o fluxo de água contornou alguns obstáculos pelo caminho, conforme o fluxo foi se dispersando.
A semelhança com os rios terrestres é muito grande, mas nesse caso marciano a origem dessa água toda deve ter sido muito diferente. Imagina-se que o fluxo de água que causou essa inundação catastrófica literalmente brotou do solo, depois que a atividade tectônica fraturou a superfície de Marte e fez a água surgir do subsolo há mais de 3 bilhões de anos. Para aumentar ainda mais o volume de água corrente, a atividade vulcânica derreteu o gelo e a neve nas proximidades. Finalmente, glaciações sucessivas deram a forma final dos canais.
Depois que a fonte secou e a água se foi, crateras de impactos mais recentes e dunas de areia formadas pelo vento deram o toque final ao cenário. Hoje um panorama silencioso ao sabor dos ventos, só podemos imaginar num cenário de rios caudalosos e enxurradas gigantescas escavando o terreno, tal como os rios na Terra.
Crédito: Agência Espacial Europeia (ESA)

A anã acordou?

Nosso Sol (e outras estrelas do mesmo tipo) tem um ciclo periódico de atividade magnética muito bem conhecido. Com o passar dos anos, verificamos que sua atividade vai aumentando, com a aparição de um número cada vez maior de manchas até atingir um período de máximo. As manchas são apenas uma parcela das evidências do ciclo, com elas vêm as tempestades solares, explosões e ejeções de massa coronal. Durante esse período, sempre haverá algum tipo de atividade, nem que seja apenas uma mancha. Depois de atingir esse máximo, observamos um declínio no número de manchas (e todos os outros processos ligados à atividade magnética) e mês a mês o Sol caminha para um mínimo. Chegando nessa fase, o número de manchas cai muito, é possível que o Sol fique meses sem mostrar uma manchinha sequer.
O intervalo entre dois máximos (ou dois mínimos) determina o período do ciclo solar, que soma, na média, aproximadamente 11 anos. O ciclo solar é conhecido e acompanhado já há mais de 200 anos, mas há registros dele há milhões de anos. É que o ciclo solar influencia o clima da Terra de maneira muito importante. A variação periódica do número de manchas tem efeito no ciclo de chuvas e, portanto, nas taxas de crescimento de árvores. Com chuva em abundância, a árvore cresce, produzindo anéis largos no interior do seu tronco. Nos períodos de seca o efeito é o inverso, produzindo anéis mais estreitos. Esses anéis podem ser contados em árvores petrificadas e, até onde já se chegou, uns 220 milhões de anos atrás, o período do ciclo continua o mesmo, com pouca variação.
Atualmente o Sol está no ciclo 24, que deve ter começado em janeiro de 2008. Não há precisão absoluta para determinar o início e o fim desses ciclos, com vários critérios para adotar essas datas. O problema do ciclo atual é que o mínimo do ciclo 23, que marcaria seu fim e o início do ciclo 24, foi tão, digamos, mínimo que é difícil determinar quando a atividade solar começou a aumentar. No ciclo 23, o Sol ficou 821 dias sem uma única mancha sequer, sendo um dos ciclos com menor atividade já registrado desde o ciclo 14, entre 1902 e 1913, durante o chamado mínimo de Dalton.
Baseado em todos os ciclos registrados e em modelos de atividade solar, o máximo do atual ciclo foi previsto para ocorrer por volta de maio deste ano. Ocorre que esqueceram de combinar com o Sol e, até agora, se for para apontar o máximo através da simples contagem de manchas, ele já ocorreu em dezembro de 2011! Que a determinação destes pontos de máximo e mínimo seja controversa e que haja alguma discussão acerca deles, tudo bem, mas uma discrepância dessas em mais de um ano é mais do que diferença entre critérios.
Depois deste pico no número de manchas em outubro de 2011, o número permaneceu mais ou menos constante, mas ainda muito abaixo do esperado e, pior, com uma profunda queda em fevereiro passado. Mas desde então o número de manchas tem aumentando sistematicamente, e maio foi o mês com o maior número de manchas deste ano, equiparando-se ao valor de agosto de 2011, que era para ser baixo. Uma possível explicação é que o Sol terá um máximo de atividade com pico duplo, ou seja, uma alta contagem registrada em maio de 2011 e outra que pode ter sido em maio último, mas que pode ser ainda nos próximos meses. Só saberemos quando os números de junho e julho forem contabilizados.
Mas, como testemunha de que o Sol está ainda em atividade intensa, no dia 25/06 surgiu um buraco coronal nele. Buracos coronais são eventos em que o campo magnético se abre, permitindo que o vento solar escape. Esse vento é um fluxo de partículas carregadas, principalmente prótons e elétrons.
Como o buraco coronal se abriu sobre o equador do Sol, o fluxo agora está apontado diretamente para nós. O fluxo de partículas deve chegar na Terra neste sábado ou domingo, provocando auroras em regiões de alta latitude. Apesar de ser um buraco muito grande o Sol estar em seu período de máximo, a chance de haver explosões solares intensas é muito pequena.

27 June 2013 ESA’s billion-star surveyor, Gaia, has completed final preparations in Europe and is ready to depart for its launch site in French Guiana, set to embark on a five-year mission to map the stars with unprecedented precision.
Gaia’s main goal is to create a highly accurate 3D map of our Milky Way Galaxy by repeatedly observing a billion stars to determine their precise positions in space and their motions through it.
Other measurements will assess the vital physical properties of each star, including its temperature, luminosity and composition.
The resulting census will allow astronomers to determine the origin and the evolution of our Galaxy.
Gaia will also uncover tens of thousands of previously unseen objects, including asteroids in our Solar System, planets around nearby stars, and exploding stars – supernovas – in other galaxies.
“Gaia will be ESA’s discovery machine,” says Alvaro Giménez, ESA’s Director of Science and Robotic Exploration.
“It will tell us what our home Galaxy is made of and how it was put together in greater detail than ever before, putting Europe at the forefront of precision astronomy.
“Gaia builds on the technical and scientific heritage of ESA’s star-mapping Hipparcos mission, reflecting the continued expertise of the space industry and the scientific community across Europe.
“It’s extremely rewarding to see the next generation of our high-precision observatories built and ready to answer fundamental questions about the cosmos.”
Gaia mapping the stars of the Milky Way
Gaia will be launched later in 2013 on an Arianespace Soyuz rocket from Europe’s Spaceport in Kourou, French Guiana, and will map the stars from an orbit around the Sun, near a location some 1.5 million km beyond Earth’s orbit known as the L2 Lagrangian point.
During its five-year mission, the spacecraft will spin slowly, sweeping its two telescopes equipped with the largest digital camera ever flown in space – with nearly a billion pixels – across the entire sky.
Gaia will measure a billion stars, roughly 1% of all the stars spread across the Milky Way.
As Gaia moves around the Sun, it will repeatedly measure the position of each star, allowing it to determine the distance through a perspective effect known as parallax.
Combined with the other measurements, these data will equip astronomers with the information they need to reconstruct the history of the Milky Way.
The mission will also discover new asteroids in our own Solar System and planets orbiting around other stars.
Gaia should even be able probe the distribution of dark matter, the invisible substance that is detected only through its gravitational influence on celestial objects.
It will test Einstein’s General Theory of Relativity by watching how light is deflected by massive objects like the Sun and its planets, as well as other stars.