Relatividade, física quântica ou algo além: quem governa o universo?
De um lado a relatividade geral,
elaborada por Albert Einstein no começo do século passado, que tem
funcionado de modo perfeito até agora. Todas as diversas observações
parecem apoiar essa é que considerada como a mais bem elaborada teoria
de todos os tempos.
De outro lado, a mecânica quântica – a
física das probabilidades (e esquisitices) -, que reina no mundo
subatômico. Invisível aos nossos olhos, as bizarras leis dessa física
elaborada em meados do século passado por diversos pesquisadores,
inclusive Einstein, também tem funcionado precisamente até o momento.
Mas há um detalhe. As duas principais
teorias já criadas são totalmente incompatíveis entre si. Quando os
físicos tentam combiná-la, os resultados são catastróficos. A melhor
tentativa até agora foi a Teoria M, sucessora da Teoria das Cordas.
No entanto, esses modelos preveem situações não muito convencionais,
como 10 ou 11 dimensões e a existência de universos paralelos. Dada a
impossibilidade de se provar tal teoria e a inexistência de observações
que a apoiem, ela não é muito aceita pela maioria dos pesquisadores.
Mas então, quem governa o universo? A
relatividade ou a mecânica quântica? Será que existe algo além disso
tudo? Os cientistas estão se vendo uma situação muito complicada.
Deverão fazer uma escolha para descrever definitivamente o comportamento
e a real natureza do nosso universo.
Os pesquisadores propuseram um
experimento radical, no qual se o seu resultado for o número 7, são as
leis da relatividade que governam o universo. Ou seja, todas as coisas
no universo se movem suavemente, e a velocidade da luz é o limite máximo
que algo pode atingir. Em suma, o universo é como nós o observamos em
larga escala.
Contudo, se o resultado for superior
(precisamente 7,3), é a física quântica que governa o universo. E então
todas as suas leis valeriam para o mundo que podemos observar.
Velocidades infinitas deixarão de ser surreais, e o universo inteiro
estará conectado. Físicos e filósofos deverão se reunir para traçar
parâmetros para um novo modo de entender o universo.
Mas será que pode haver algo ainda mais fundamental por trás de tudo isso?
A equipe de pesquisadores liderada
por Jean-Daniel Bancal cogitou que não somente existe uma teoria mais
fundamental por trás da compreensão total do universo, mas também uma
nova realidade, por “debaixo” da realidade do nosso universo.
É óbvio que eles estão torcendo pela
teoria mais “simples” – a relatividade. Afinal de contas, o universo
será como ele é, apenas a teoria deverá ser complementada para explicar
novas coisas. Um universo explicado pela mecânica quântica soa como
irreal, longe de nossa compreensão.
Mas se a mecânica quântica for a vencedora? O que isso significará para a ciência?
A primeira possibilidade é descartar a
teoria da relatividade, assumindo que é possível viajar mais rápido que
a luz. Mas como já dissemos, a teoria de Einstein é muito bem-sucedida,
e é preciso muita coragem por parte dos pesquisadores para
confrontá-la. Ou seja, essa é a possibilidade mais radical.
A segunda possibilidade é presumir a
existência de algum processo “além” do nosso universo, que afeta a
realidade sobre o espaço-tempo. Isso é equivalente ao fenômeno conhecido
como “entrelaçamento quântico“.
Sabemos que quando duas partículas estão
emaranhadas (entrelaçadas), tudo o que acontece com uma afeta
instantaneamente sua parceira, não importa a distância que as separe.
Mesmo se uma partícula estiver do outro lado do universo, e a outra na
Terra, se mudarmos o estado de uma, a outra é imediatamente afetada.
Então, segundo essa possibilidade,
vivemos um universo não-local, onde cada pedaço seu está conectado a
qualquer outro pedaço, em qualquer lugar. Considere como a Terra sendo a
partícula A, e um quasar a 11 bilhões de anos-luz de distância uma
partícula B. Essas duas partículas estão conectadas, e o que acontece
com uma, afeta a outra instantaneamente, desde que estejam entrelaçadas.
Em outras palavras, não existe distância entre dois pontos em universo
não-local.
Essa opção também é muito radical, pois
desafia nossa compreensão sobre o universo, mas é menos radical do que
aceitar que a velocidade da luz pode ser ultrapassada.
“Nosso resultado dá peso à ideia de que
as correlações quânticas surgem, de alguma forma, de fora do nosso
espaço-tempo, no sentido de que nenhuma história no espaço e no tempo
conseguiria descrevê-las,” disse Nicolas Gisin, da Universidade de
Genebra, na Suíça, membro da equipe de pesquisadores que se propôs a
desempatar a relatividade e a mecânica quântica.
Como é possível explicar o emaranhamento quântico?
O entrelaçamento quântico não é uma
teoria – é um fato, já sendo demonstrado em diversos experimentos
práticos, como na montagem dos computadores quânticos. Mas como uma
partícula pode afetar a outra, levando em consideração a instantaneidade
que isso acontece?
Agora, mais duas hipóteses:
A primeira delas consiste em um processo
desconhecido que é responsável pelas partículas “saberem” quando serão
alteradas. É uma possibilidade muito rejeitada pelos físicos.
A segundo hipótese afirma que as duas partículas trocam um sinal,
ordenando a alteração de estado. Esse sinal carrega uma informação, que
será usada pela segunda partícula em resposta a alteração da primeira.
Mas como você já deve ter percebido, temos um grave paradoxo aí.
Se a partícula A pode afetar a B do
outro lado do universo, esse sinal demoraria bilhões de anos para chegar
até o seu destino, ou seja, a velocidade do sinal deveria ser
infinitamente mais veloz que a da luz, o que viola a relatividade.
Os pesquisadores cogitaram que o sinal não é uma informação, mas sim uma influência escondida, que não viola a relatividade. Essa influência consiste
em um sistema com quatro partículas quânticas emaranhadas, que estão
conectadas por influências extremamente fantasmagóricas, que vem de fora
do nosso espaço-tempo.
Vale frisar que o próprio Einstein chamou esse fenômeno de ação fantasmagórica a distância. Estaria ele certo mais uma vez?
Brincadeiras a parte, os pesquisadores
pretender realizar logo esse experimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário