Físicos entrelaçam fótons que não existem ao mesmo tempo
Os físicos já sabiam que a mecânica quântica permite uma conexão
sutil entre partículas chamada entrelaçamento, onde uma alteração na
partícula A reflete na partícula B instantaneamente, mesmo esta estando a
anos-luz de distância. Agora, pesquisadores israelenses demonstraram
que é possível entrelaçar dois fótons que nem sequer existem ao mesmo
tempo.
“É muito legal”, diz Jeremy O’Brien, pesquisador da
Universidade de Bristol, no Reino Unido, que não estava envolvido no
trabalho. Esse entrelaçamento é previsto pela teoria quântica padrão,
mas nunca foi testado”.
O emaranhamento (ou entrelaçamento) é
uma espécie de ordem que se esconde dentro da incerteza da teoria
quântica. Suponha que você tenha uma partícula quântica de luz, ou
fóton. Ele pode ser polarizado de modo que se move tanto na vertical
quanto na horizontal. Graças à incerteza quântica, um fóton pode ser
polarizado verticalmente e horizontalmente, ao mesmo tempo. Se você
medir o fóton, no entanto, vai encontrá-lo polarizado horizontalmente ou
verticalmente, e nunca nos dois modos. Em outras palavras, a observação
é capaz de alterar (ou definir) o estado da partícula.
O
entrelaçamento pode acontecer se você tiver dois fótons. Cada um deles
pode ser colocado no estado vertical ou horizontal. No entanto, os
fótons podem ser emaranhados de modo que suas polarizações estejam
correlacionadas, mesmo enquanto eles permanecem indeterminados. Por
exemplo, se você medir o primeiro fóton e achar que é polarizado
horizontalmente, você vai saber que o outro fóton instantaneamente está
no estado vertical, e vice-versa, não importa o quão longe ele está.
Albert Einstein apelidou o efeito de “ação fantasmagórica à distância”.
Ele não viola a relatividade, no entanto: É impossível controlar o
resultado da medição do primeiro fóton, então a ligação quântica não
pode ser usada para enviar uma mensagem mais rápida do que a luz, por
exemplo.
Agora, Eli Megidish, Hagai Eisenberg, e seus colegas
da Universidade Hebraica de Jerusalém, têm dois fótons emaranhados que
não existem ao mesmo tempo. Eles começam com um esquema conhecido como
troca de emaranhamento. Para começar, os pesquisadores atiram em um
cristal luz laser duas vezes para criar dois pares de fótons
emaranhados, o par 1 e 2, e o par 3 e 4. No início, os fótons 1 e 4 não
estão amarrados. Mas eles podem estar, se o truque certo for usado com 2
e 3.
Para descobrir a polarização dos fótons, basta medir a
polaridade de um fóton em cada par (como o fóton 2 e o fóton 3). Quando
eles fazem, forçam os fótons restantes (1 e 4) a se entrelaçarem. Isso
já havia sido feito anteriormente.
No entanto, os físicos
israelenses foram além, e entrelaçaram os fótons 1 e 4, mesmo tendo
destruído o fóton 1 antes de criar o 4. Para isso, eles esperaram para
criar o segundo par (3 e 4) somente após que o primeiro (1 e 2) havia
sido medido. Assim, ao medir o fóton 4 do segundo par, ele se entrelaça
de modo automático com o fóton 1, que estava “sozinho”, mesmo este não
existindo mais. Em outras palavras, os fótons 1 e 4 estão entrelaçados,
embora nunca coexistam.
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